quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Pai e filho

Jefferson Amauri Leite de Oliveira


Eu sou o pai, o filho e aquele que observa...
Eu sou o pai que zangado briga com o filho,
Eu sou o filho que com a briga do pai se entristece,
Eu sou o pai que com a brincadeira do filho se alegra,
Eu sou o filho que no colo do pai se assossega.

Eita menino levado! Como pode não ficar parado!
Eita que papai tá esquentado! Mas que velho atormentado!
Menino te aquieta! Não vê que estou cansado!
Pai deixe de estresse! Não adianta ficar desanimado!
Desse jeito tua mãe não aguenta! Desse jeito minha mãe te dispensa!

Eu só queria ficar quieto meu filho! Deixe seu velho descansar...
Cansado demais não dá pra aguentar! Te levanta meu pai! Vem pra cá!
É preciso crescer meu filho. A responsabilidade chegou.
De nada adianta meu pai, se for pra deixar a felicidade para traz...
Menino se aquiete! Meu pai se movimente!

De onde vem tanta energia meu filho? Ainda consegue faiscar os olhos?
De onde vem tanto cansaço meu pai? Ainda consegue estar vivo?
Eu sou o mais velho menino! Obedeça a seu pai moleque!
Eu sou o mais novo meu velho! Não te deixarei desistir! Te levanta cabra!
Eu te amo meu filho, não vivo sem ti! Eu te amo meu pai, somos dois em um, inseparáveis! Estarei aqui para te lembrar do que já foi um dia...




sábado, 2 de setembro de 2017

Vivi

Autor: Jefferson Amauri leite de Oliveira


Experimentei a vida ou apenas a vi passar,
Testei o limite do impossível ou apenas desisti de tentar,
Ao olhar para o horizonte escolhi o meu caminho,
Ou apenas me encantei, paralisado e sorrindo,

Corri para saltar da montanha mais alta,
Mas apenas mirei, respirei e dei meia volta,
Suspirei profundo sentindo a paixão tomar conta de tudo,
Contudo, platônico e distante esperei sempre mudo,

Não entendo como podemos chegar até aqui,
De repente, sem começo, sem meio e sem fim,
Sentir medo, amor, ódio, paixão e rancor,
O coração batendo forte com tanto anseio e temor,

A coragem vem e volta, o medo sempre na toca,
O verbo vai como flecha, mas tem hora que enrosca,
Montanha russa essa vida, repleta de surpresas,
O dia tem caçador e também a sua presa,

Só espero um dia ver tudo o que vivi,
Um roteiro de cinema, um livro, uma estória sem fim,
Não quero me arrepender, muito menos me apegar,
Apenas quero viver enquanto meu tempo não chegar.


terça-feira, 9 de agosto de 2016

Demasiado Humano

Autor: Jefferson Amauri Leite de Oliveira


Os olhos marejados
Os dedos calejados
Os ombros arriados
Os sonhos destroçados

Chorar não vale a pena
Trabalhar não é problema
Persistir é o esquema
Sonhar é o meu lema

O problema é aquele cisco
A penitência que desgasta
O peso do lenho da cruz
A decepção que se instala

Do alto da montanha
Observo o abismo do meu ser
Da escuridão em mim oculta
Enxergo a luz do meu viver

Dias de sol, dias de chuva
Do amanhecer ao alvorecer
No calor ou no frio

Apenas um vir a ser.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Turbulência

Autor: Jefferson Amauri leite de Oliveira


Sopram os ventos no céu anil
Sacode a poeira e atiça o canil
Desordem e regresso de um tolo vil
O açoite no lombo do povo febril

Gargalha o algoz com um tom feroz
Sacode a bandeira na esquina da feira
Amassa a panela no beiral da janela
Tourada vermelha acende a centelha

Divide a gente o herói indigente
A dama declina do acordo vigente
A tela ensina, começa e termina
Amor ou dinheiro, país ou puteiro.


Desencontros


Autor: Jefferson Amauri leite de Oliveira

Interajo com estrelas
No intercurso da estrada
Interesses e desencontros
Ao infinito tudo ou nada

Interajo com flores
No fluxo dos dessabores
Indelével e inaudito
Nada além de corredores

Interajo com essências
No vento das indulgencias
Indesejáveis incongruências
O alento dos sofredores

Interajo mas não ajo
No intuito do indesejável
Ou no indesejável do intuito
Aquele cheiro de quem sabe nunca...


quinta-feira, 21 de abril de 2016

Nos mares do tempo


Autor: Jefferson Amauri leite de Oliveira

Nos mares do tempo pensamentos vem e vão,
Como sabores ao vento em odores virão,
A colheita é tão breve como a felicidade,
O plantio na alma sangra e invade.

O fluxo universal, mundo com gravidade,
Interfere no orvalho, desvanece a idade,
Modifica a beleza, a certeza a avareza,
Ilude o mágico, a deusa, a beleza.

Do caos criador emerge a luz,
Da escuridão abismal um portal que conduz,
Na costela que sangra um rubro lábio seduz,
Entre o bem e o mal o amor se traduz.

No cosmo o vir a ser se torna passado,
O avesso deixa de ser o contrário,
A entrada é a saída e a saída está fechada,
Na bolha dimensional o início é a chegada...


domingo, 27 de março de 2016

O prenúncio do fim

Jefferson Amauri Leite de Oliveira


A queda do atual governo começou muito antes das eleições de 2014. A partir das eleições de 2002, o Partido dos Trabalhadores optou por uma postura mais flexível em relação à política e à economia, abrindo a negociação com partidos de ideologias diferentes, nesse caso, em especial, com o PMDB. Partido que vem se mantendo no governo desde o fim do regime militar e que mantém uma quantidade expressiva de parlamentares no Congresso Nacional, nas demais casas legislativas e de governadores nos estados. Postura essa que deixou parte da esquerda indignada e receosa do futuro do governo petista. Prova dessa reação foi a expulsão de integrantes do PT por questionarem esse tipo de negociação, como foi o caso de Eloisa Helena, Luciana Genro e de outros, dando origem ao PSOL e a uma oposição de esquerda ao governo de centro-esquerda.
A era Lula foi marcada por mais “bondades” do governo com os seus “opositores”, onde a negociação continuava com PSDB, DEM e outros partidos de centro-direita. Uma era de bonança, de uma oposição quase inexistente, com a economia mundial crescendo a todo vapor e os projetos sociais governistas  avançando pelo Brasil a fora. Isso mesmo, a fora, pois o Programa Nacional do Livro Didático, PNLD, foi estendido a países da África de língua portuguesa, além dos empréstimos a juros inócuos fornecidos pelo BNDES a países sul-americanos e para o governo cubano. Nada impedia o Lula, nem a Globo!
A era Dilma foi marcada pela diminuição do crescimento do mercado mundial, porém, com ampliação de projetos sociais, principalmente os que beneficiavam os banqueiros. É isso aí! Os banqueiros criticados por Lula antes de ganhar as eleições continuaram e continuam a lucrar indefinidamente. Sem prejuízo, sem limites a exploração que fazem com o cartão de crédito, cheque especial e demais empréstimos. Aliás, o governo atual sempre manteve as taxas de juros altas para garantir, também, o lucro dos banqueiros. No final, a conta não bate mesmo!
O crescimento econômico diminui, os investimentos ultrapassam a capacidade de arrecadação do governo, vem a copa do mundo com o padrão FIFA (saquear o máximo possível), os preços dos alimentos e demais produtos começam a aumentar, o fantasma da inflação retorna e começa a doer no bolso, dessa maneira, não há governo que resista as cobranças e acusações.
A revolta da classe mídia (Opa! Média! Corretor imbecil!) ganhou força com a falta de mão escrava (De novo! Trabalhadores assalariados! Corretor inútil!), “culpa do Bolsa Família e dos vagabundos que não querem trabalhar e votam no PT.” Pequenos empresários começam a sentir o baque na economia e, consequentemente, seus negócios não crescem como antigamente (era Lula), portanto, a culpa é do técnico: tira a Dilma!
Nesse período, 2014, os intelectuais de direita renascem das cinzas com definições complexas: comunismo, bolivarianismo, satanismo (teólogos do caos), liberalismo, livre concorrência e etc. E junto com eles os youtubers sedentos por atenção, acessos e lucros. A grande mídia enxerga uma luz no fim do túnel e inicia o seu trabalho parcial democrático, ampliando as vozes dos condomínios de luxo, paneleiros e afins. Pronto! Fora Dilma, fora PT! E nessa confusão surge “Aécim” o salvador da pátria.
E assim ele se apresenta como um grande animador de torcida organizada, iniciando uma campanha contra o “grande mau” a partir do acirramento entre esquerda e direita, pronto. Os conservadores de direita saem do armário, vestem a armadura sagrada (camisa da CBF) que representa a honestidade, a ética, a moral e os bons costumes brasileiros.
E quando o dono da frase “a culpa não é minha, eu votei no Aécim” começa a perder as vendas de adesivos e camisetas por culpa das delações premiadas, eis que surge o Super Moro. Amado pelas mulheres, admirado pelos homens e bancado com o espaço midiático, o galã de filme mexicano, disposto a fazer de tudo pelo bem do povo brasileiro. Mas, ele não é o único! Então, para fazer a alegria do povo com enxadas e rastelos erguidos ao ar, ele, o grande representante do cidadão de bem, se ergue para a batalha: Bolsomito.
A queda do império se aproxima! O PMDB se afasta do governo e forma aliança com o PSDB, DEM, PSC e demais partidos oportunistas (assim como o PT foi oportunista para ganhar as eleições em 2002). Os cargos começam a ser negociados antes da votação do “Impitim”. Parlamentares dos partidos aliados contra Vader (Dilma! Corretor golpista!) aparecem sorrindo nas entrevistas dando como certa a vitória do bem contra o mau. Mas, falta o ingrediente principal: a carnificina do povo. Sim! É isso mesmo que você leu! Cunha, o presidente da Câmara Federal, dono de contas no exterior e inatingível pela justiça quer ouvir o povo, portanto, corre a boca miúda que ele pretende marcar a votação do “Impitim” para um domingo (dia em que o cidadão de bem com a camiseta da CBF se manifesta). Agora, reflita... O campo de guerra já foi montado, só está faltando o dia e o horário.
E depois disso? O que faremos? Vamos apenas trocar de técnico?
E a lista de escalação da Odebrecht?
Eu peço desculpas se deixei de fora várias pessoas importantes nessa história brasileira, mas procurei ser objetivo e econômico, portanto, acrescentem suas contribuições nos comentários.

Abraços.