Jefferson Amauri Leite de Oliveira
A queda do atual governo
começou muito antes das eleições de 2014. A partir das eleições de 2002, o
Partido dos Trabalhadores optou por uma postura mais flexível em relação à
política e à economia, abrindo a negociação com partidos de ideologias
diferentes, nesse caso, em especial, com o PMDB. Partido que vem se mantendo no
governo desde o fim do regime militar e que mantém uma quantidade expressiva de
parlamentares no Congresso Nacional, nas demais casas legislativas e de
governadores nos estados. Postura essa que deixou parte da esquerda indignada e
receosa do futuro do governo petista. Prova dessa reação foi a expulsão de
integrantes do PT por questionarem esse tipo de negociação, como foi o caso de
Eloisa Helena, Luciana Genro e de outros, dando origem ao PSOL e a uma oposição
de esquerda ao governo de centro-esquerda.
A era Lula foi marcada
por mais “bondades” do governo com os seus “opositores”, onde a negociação
continuava com PSDB, DEM e outros partidos de centro-direita. Uma era de
bonança, de uma oposição quase inexistente, com a economia mundial crescendo a
todo vapor e os projetos sociais governistas avançando pelo Brasil a fora. Isso mesmo, a
fora, pois o Programa Nacional do Livro Didático, PNLD, foi estendido a países da
África de língua portuguesa, além dos empréstimos a juros inócuos fornecidos
pelo BNDES a países sul-americanos e para o governo cubano. Nada impedia o
Lula, nem a Globo!
A era Dilma foi marcada
pela diminuição do crescimento do mercado mundial, porém, com ampliação de
projetos sociais, principalmente os que beneficiavam os banqueiros. É isso aí!
Os banqueiros criticados por Lula antes de ganhar as eleições continuaram e
continuam a lucrar indefinidamente. Sem prejuízo, sem limites a exploração que
fazem com o cartão de crédito, cheque especial e demais empréstimos. Aliás, o
governo atual sempre manteve as taxas de juros altas para garantir, também, o
lucro dos banqueiros. No final, a conta não bate mesmo!
O crescimento econômico diminui,
os investimentos ultrapassam a capacidade de arrecadação do governo, vem a copa
do mundo com o padrão FIFA (saquear o máximo possível), os preços dos alimentos
e demais produtos começam a aumentar, o fantasma da inflação retorna e começa a
doer no bolso, dessa maneira, não há governo que resista as cobranças e
acusações.
A revolta da classe mídia
(Opa! Média! Corretor imbecil!) ganhou força com a falta de mão escrava (De
novo! Trabalhadores assalariados! Corretor inútil!), “culpa do Bolsa Família e
dos vagabundos que não querem trabalhar e votam no PT.” Pequenos empresários
começam a sentir o baque na economia e, consequentemente, seus negócios não
crescem como antigamente (era Lula), portanto, a culpa é do técnico: tira a
Dilma!
Nesse período, 2014, os
intelectuais de direita renascem das cinzas com definições complexas:
comunismo, bolivarianismo, satanismo (teólogos do caos), liberalismo, livre
concorrência e etc. E junto com eles os youtubers sedentos por atenção, acessos
e lucros. A grande mídia enxerga uma luz no fim do túnel e inicia o seu
trabalho parcial democrático, ampliando as vozes dos condomínios de luxo,
paneleiros e afins. Pronto! Fora Dilma, fora PT! E nessa confusão surge “Aécim”
o salvador da pátria.
E assim ele se apresenta
como um grande animador de torcida organizada, iniciando uma campanha contra o “grande
mau” a partir do acirramento entre esquerda e direita, pronto. Os conservadores
de direita saem do armário, vestem a armadura sagrada (camisa da CBF) que representa
a honestidade, a ética, a moral e os bons costumes brasileiros.
E quando o dono da frase “a
culpa não é minha, eu votei no Aécim” começa a perder as vendas de adesivos e
camisetas por culpa das delações premiadas, eis que surge o Super Moro. Amado
pelas mulheres, admirado pelos homens e bancado com o espaço midiático, o galã
de filme mexicano, disposto a fazer de tudo pelo bem do povo brasileiro. Mas,
ele não é o único! Então, para fazer a alegria do povo com enxadas e rastelos erguidos
ao ar, ele, o grande representante do cidadão de bem, se ergue para a batalha:
Bolsomito.
A queda do império se
aproxima! O PMDB se afasta do governo e forma aliança com o PSDB, DEM, PSC e
demais partidos oportunistas (assim como o PT foi oportunista para ganhar as
eleições em 2002). Os cargos começam a ser negociados antes da votação do “Impitim”.
Parlamentares dos partidos aliados contra Vader (Dilma! Corretor golpista!)
aparecem sorrindo nas entrevistas dando como certa a vitória do bem contra o
mau. Mas, falta o ingrediente principal: a carnificina do povo. Sim! É isso
mesmo que você leu! Cunha, o presidente da Câmara Federal, dono de contas no
exterior e inatingível pela justiça quer ouvir o povo, portanto, corre a boca
miúda que ele pretende marcar a votação do “Impitim” para um domingo (dia em
que o cidadão de bem com a camiseta da CBF se manifesta). Agora, reflita... O
campo de guerra já foi montado, só está faltando o dia e o horário.
E depois disso? O que
faremos? Vamos apenas trocar de técnico?
E a lista de escalação da Odebrecht?
Eu peço desculpas se
deixei de fora várias pessoas importantes nessa história brasileira, mas
procurei ser objetivo e econômico, portanto, acrescentem suas contribuições nos
comentários.
Abraços.