terça-feira, 9 de agosto de 2016

Demasiado Humano

Autor: Jefferson Amauri Leite de Oliveira


Os olhos marejados
Os dedos calejados
Os ombros arriados
Os sonhos destroçados

Chorar não vale a pena
Trabalhar não é problema
Persistir é o esquema
Sonhar é o meu lema

O problema é aquele cisco
A penitência que desgasta
O peso do lenho da cruz
A decepção que se instala

Do alto da montanha
Observo o abismo do meu ser
Da escuridão em mim oculta
Enxergo a luz do meu viver

Dias de sol, dias de chuva
Do amanhecer ao alvorecer
No calor ou no frio

Apenas um vir a ser.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Turbulência

Autor: Jefferson Amauri leite de Oliveira


Sopram os ventos no céu anil
Sacode a poeira e atiça o canil
Desordem e regresso de um tolo vil
O açoite no lombo do povo febril

Gargalha o algoz com um tom feroz
Sacode a bandeira na esquina da feira
Amassa a panela no beiral da janela
Tourada vermelha acende a centelha

Divide a gente o herói indigente
A dama declina do acordo vigente
A tela ensina, começa e termina
Amor ou dinheiro, país ou puteiro.


Desencontros


Autor: Jefferson Amauri leite de Oliveira

Interajo com estrelas
No intercurso da estrada
Interesses e desencontros
Ao infinito tudo ou nada

Interajo com flores
No fluxo dos dessabores
Indelével e inaudito
Nada além de corredores

Interajo com essências
No vento das indulgencias
Indesejáveis incongruências
O alento dos sofredores

Interajo mas não ajo
No intuito do indesejável
Ou no indesejável do intuito
Aquele cheiro de quem sabe nunca...


quinta-feira, 21 de abril de 2016

Nos mares do tempo


Autor: Jefferson Amauri leite de Oliveira

Nos mares do tempo pensamentos vem e vão,
Como sabores ao vento em odores virão,
A colheita é tão breve como a felicidade,
O plantio na alma sangra e invade.

O fluxo universal, mundo com gravidade,
Interfere no orvalho, desvanece a idade,
Modifica a beleza, a certeza a avareza,
Ilude o mágico, a deusa, a beleza.

Do caos criador emerge a luz,
Da escuridão abismal um portal que conduz,
Na costela que sangra um rubro lábio seduz,
Entre o bem e o mal o amor se traduz.

No cosmo o vir a ser se torna passado,
O avesso deixa de ser o contrário,
A entrada é a saída e a saída está fechada,
Na bolha dimensional o início é a chegada...


domingo, 27 de março de 2016

O prenúncio do fim

Jefferson Amauri Leite de Oliveira


A queda do atual governo começou muito antes das eleições de 2014. A partir das eleições de 2002, o Partido dos Trabalhadores optou por uma postura mais flexível em relação à política e à economia, abrindo a negociação com partidos de ideologias diferentes, nesse caso, em especial, com o PMDB. Partido que vem se mantendo no governo desde o fim do regime militar e que mantém uma quantidade expressiva de parlamentares no Congresso Nacional, nas demais casas legislativas e de governadores nos estados. Postura essa que deixou parte da esquerda indignada e receosa do futuro do governo petista. Prova dessa reação foi a expulsão de integrantes do PT por questionarem esse tipo de negociação, como foi o caso de Eloisa Helena, Luciana Genro e de outros, dando origem ao PSOL e a uma oposição de esquerda ao governo de centro-esquerda.
A era Lula foi marcada por mais “bondades” do governo com os seus “opositores”, onde a negociação continuava com PSDB, DEM e outros partidos de centro-direita. Uma era de bonança, de uma oposição quase inexistente, com a economia mundial crescendo a todo vapor e os projetos sociais governistas  avançando pelo Brasil a fora. Isso mesmo, a fora, pois o Programa Nacional do Livro Didático, PNLD, foi estendido a países da África de língua portuguesa, além dos empréstimos a juros inócuos fornecidos pelo BNDES a países sul-americanos e para o governo cubano. Nada impedia o Lula, nem a Globo!
A era Dilma foi marcada pela diminuição do crescimento do mercado mundial, porém, com ampliação de projetos sociais, principalmente os que beneficiavam os banqueiros. É isso aí! Os banqueiros criticados por Lula antes de ganhar as eleições continuaram e continuam a lucrar indefinidamente. Sem prejuízo, sem limites a exploração que fazem com o cartão de crédito, cheque especial e demais empréstimos. Aliás, o governo atual sempre manteve as taxas de juros altas para garantir, também, o lucro dos banqueiros. No final, a conta não bate mesmo!
O crescimento econômico diminui, os investimentos ultrapassam a capacidade de arrecadação do governo, vem a copa do mundo com o padrão FIFA (saquear o máximo possível), os preços dos alimentos e demais produtos começam a aumentar, o fantasma da inflação retorna e começa a doer no bolso, dessa maneira, não há governo que resista as cobranças e acusações.
A revolta da classe mídia (Opa! Média! Corretor imbecil!) ganhou força com a falta de mão escrava (De novo! Trabalhadores assalariados! Corretor inútil!), “culpa do Bolsa Família e dos vagabundos que não querem trabalhar e votam no PT.” Pequenos empresários começam a sentir o baque na economia e, consequentemente, seus negócios não crescem como antigamente (era Lula), portanto, a culpa é do técnico: tira a Dilma!
Nesse período, 2014, os intelectuais de direita renascem das cinzas com definições complexas: comunismo, bolivarianismo, satanismo (teólogos do caos), liberalismo, livre concorrência e etc. E junto com eles os youtubers sedentos por atenção, acessos e lucros. A grande mídia enxerga uma luz no fim do túnel e inicia o seu trabalho parcial democrático, ampliando as vozes dos condomínios de luxo, paneleiros e afins. Pronto! Fora Dilma, fora PT! E nessa confusão surge “Aécim” o salvador da pátria.
E assim ele se apresenta como um grande animador de torcida organizada, iniciando uma campanha contra o “grande mau” a partir do acirramento entre esquerda e direita, pronto. Os conservadores de direita saem do armário, vestem a armadura sagrada (camisa da CBF) que representa a honestidade, a ética, a moral e os bons costumes brasileiros.
E quando o dono da frase “a culpa não é minha, eu votei no Aécim” começa a perder as vendas de adesivos e camisetas por culpa das delações premiadas, eis que surge o Super Moro. Amado pelas mulheres, admirado pelos homens e bancado com o espaço midiático, o galã de filme mexicano, disposto a fazer de tudo pelo bem do povo brasileiro. Mas, ele não é o único! Então, para fazer a alegria do povo com enxadas e rastelos erguidos ao ar, ele, o grande representante do cidadão de bem, se ergue para a batalha: Bolsomito.
A queda do império se aproxima! O PMDB se afasta do governo e forma aliança com o PSDB, DEM, PSC e demais partidos oportunistas (assim como o PT foi oportunista para ganhar as eleições em 2002). Os cargos começam a ser negociados antes da votação do “Impitim”. Parlamentares dos partidos aliados contra Vader (Dilma! Corretor golpista!) aparecem sorrindo nas entrevistas dando como certa a vitória do bem contra o mau. Mas, falta o ingrediente principal: a carnificina do povo. Sim! É isso mesmo que você leu! Cunha, o presidente da Câmara Federal, dono de contas no exterior e inatingível pela justiça quer ouvir o povo, portanto, corre a boca miúda que ele pretende marcar a votação do “Impitim” para um domingo (dia em que o cidadão de bem com a camiseta da CBF se manifesta). Agora, reflita... O campo de guerra já foi montado, só está faltando o dia e o horário.
E depois disso? O que faremos? Vamos apenas trocar de técnico?
E a lista de escalação da Odebrecht?
Eu peço desculpas se deixei de fora várias pessoas importantes nessa história brasileira, mas procurei ser objetivo e econômico, portanto, acrescentem suas contribuições nos comentários.

Abraços.

sábado, 26 de março de 2016

Sinto e sinto

Autor: Jefferson Amauri Leite de Oliveira


O amargo e o doce do fel e do mel,
Embaraçam as vistas oblíquas do réu,
Transformam transatlânticos em barquinhos de papel,
Desfazem a coragem de alcançar o céu.

O sal da terra resseca o fruto,
Leva a vida e traz o luto,
Fadiga o hospedeiro obtuso,
Reduz a eternidade em um segundo.

Frio e calor aprisionam a água,
Forçam o cão a ficar de guarda,
Tiram os trilhos e o trem vaga,
Lançam o fogo na fornalha.

O coração é o que se esvai,
Bate forte, afoga o peito e trai,
Estremece o corpo que cai,
Leva o eu pra onde ninguém sai.

domingo, 6 de março de 2016

Que...

Autor: Jefferson Amauri Leite de Oliveira


Eu sou, eu sei;
Eu fui, eu deixei;
Eu errei, eu acertei;
Eu dormi, eu acordei.

Seja gentil, seja senil;
Seja verdadeiro, seja inteiro;
Seja sapiens, seja símio;
Seja o vento, seja o rio.

Eu falei, eu calei;
Eu caí, eu levantei;
Eu sorri, eu chorei;
Eu desisti, eu continuei;

Seja profundo, seja leve;
Seja o fogo, seja a neve;
Seja o bem, seja o mau;
Seja o muro, seja o portal;

Eu vivo o dia, eu vivo a noite;
Eu vivo a alegria, eu vivo tristeza;
Eu vivo o azar, eu vivo a sorte;
Eu vivo a vida, eu vivo a morte...